Guerreiro Ramos: um pensamento brasileiro decolonial na década de 50-60 do século XX

  • Nádia Maria Cardoso da Silva Universidade Federal da Bahia

Resumen

Guerreiro Ramos expõe o racismo/sexismo epistêmico
das ciências sociais no Brasil quando objetifica o negro brasileiro,
o constrói e o apresenta como um humano estático, exótico,
mumificado, problemático. Assim, faz uma potente crítica à
violência epistêmica das ciências sociais no Brasil com as negras
e os negros brasileiros, defendendo um pensar sociológico desde
o Brasil, comprometido com a emancipação da população negra
brasileira e da sociedade brasileira. Seu projeto intelectual foi
criticar a colonialidade epistemológica e pensar a decolonialidade
das ciências sociais brasileiras que vinha, até então, objetificando,
fixando e estereotipando as negras e os negros brasileiros. Ao
mesmo tempo, defende que a descolonização/decolonialidade
dos estudos sobre o negro no Brasil já estava em curso não
na vida acadêmico-intelectual brasileira, mas no ativismo negro.
Assim ressalta o potencial decolonial/descolonizador da crítica do
ativismo negro brasileiro através da apresentação da organização
negra Teatro Experimental do Negro (TEN), fundada pelo
ativista Abdias do Nascimento, em meados da década de 40. Por
essa epistemologia efetivamente decolonial de Guerreiro Ramos
produzida em plenas décadas de 40 e 50, defendemos que ele seja
tomado como fundador dos estudos decoloniais no Brasil e na
América Latina.

Publicado
2023-09-27
Sección
Artículos